Realizando o sonho do Mufti de Jerusalém

Não há solução mágica para o problema que opõe judeus e árabes no território delimitado pelo Mediterrâneo e o rio Jordão. As aspirações nacionais de dois povos terão que ser reconhecidas, assim como o direito de ambos a estados independentes, governados por uma maioria étnica. Mas enquanto em Israel vive uma minoria árabe, cuja população se aproxima dos dois milhões de habitantes, a liderança palestina que formalmente ainda se declara disposta a negociar um acordo, exige um estado etnicamente homogêneo e rejeita qualquer presença judaica em seu território. Em suma, a adoção do conceito nazista de Judenrein, uma área 100% livre de judeus.

Este talvez seja um dos aspectos que mais bem ilustram o posicionamento ambíguo da liderança do Fatah. Os lideres do Hamas têm exposto claramente seu objetivo de conquistar todo o território, ainda que ultimamente tenham adotado posições mais pragmáticas, resultado do terremoto geopolítico que abalou o mundo árabe. Mas as propostas estão sempre ligadas a tréguas de longo prazo e não à ideia de que os judeus têm direito ao seu lar nacional e a conviver em paz com seus vizinhos.

A Autoridade Palestina, criada a partir dos Acordos de Oslo e que deveria conduzir os palestinos na luta pacífica por seus objetivos, nunca deixou de pregar a violência, idolatrando os terroristas que se tornam mártires e exigindo a eliminação da população judaica dos territórios antes ocupados pelo Egito e pela Jordânia. 

Os exemplos da retirada unilateral do Líbano e da Faixa de Gaza deixaram um gosto amargo na boca da maioria absoluta dos israelenses, inclusive aqueles que são a favor de uma retomada das negociações. Em lugar de um reconhecimento da intenção israelense de deixar de governar a população palestina (como aliás ocorre na quase totalidade da Cisjordânia), a resposta foram os mísseis do Hezbollah e do Hamas, que somente entendem a linguagem da dissuasão. 

A maioria da população palestina está preocupada com a possibilidade de levar sua vida adiante de forma ordenada e com perspectivas de melhoria econômica e realização nacional, mas ainda acredita na ideia de reverter o que é entendido como a catástrofe de 1948. E o primeiro passo deveria ser a criação de um estado palestino “possível”, preferentemente sem habitantes judeus.

A ideia está presente nas manifestações explícitas dos líderes do Hamas e nas entrelinhas dos discursos de Mahmoud Abbas, o líder que supostamente deveria conduzir seu povo a um acordo de paz e à convivência pacífica com os israelenses. Expressa-se através da exigência do direito de retorno dos refugiados e seus descendentes ao território delimitado pela linha verde, e à recusa em reconhecer Israel como o lar nacional do povo judeu. A disputa em torno de Jerusalém e a campanha internacional junto a organismos como a Unesco, que negam qualquer vínculo do povo judeu com a terra de seus ancestrais, são outros claros indícios das intenções dos líderes palestinos de apropriar-se do território, ainda que não de forma imediata.

É verdade que parte da população palestina sofre com a presença de colonos israelenses na Cisjordânia e que as medidas de segurança adotadas para evitar atentados terroristas, especialmente durante e após a Segunda Intifada, têm um impacto sobre a mobilidade naquela região. E por isso vêm sendo veiculadas ideias para que estes atritos sejam minimizados, sem colocar em risco a população civil israelense.

Mas enquanto não houver uma mudança de paradigma, lastreada na educação para a convivência, para o reconhecimento do direito do outro, da criminalização em lugar da idolatria daqueles que praticam o terrorismo, não se criarão as condições para que o estado israelense decida, mais uma vez, abandonar o território que controla colocando em risco sua população e seu bem-estar, para ver-se confrontado com uma nova onda de violência, agora praticada a partir de posições estratégicas muito mais letais.

Em relação ao tema central desta reflexão, vale ressaltar que a questão dos assentamentos na Cisjordânia somente será solucionada quando ambos os lados entenderem que não mais convém administrar o conflito. Enquanto os palestinos continuarem a exigir a retirada dos judeus da Cisjordânia, como pré-condição para uma retomada das negociações, a amarga experiência de Gaza definirá os parâmetros adotados pelos negociadores israelenses.

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