Rosh Hashaná é sobre a inovação, e autorreinvenção

O ex-presidente israelense Shimon Peres dizia: “Os otimistas e os pessimistas morrem exatamente a mesma morte, mas vivem vidas muito diferentes!”

Assim, num papo com os adolescentes, os maiores puxadores de mídia social, Peres explicava: Não dê ouvidos aos seus pais, não ouçam os seus professores, ouçam apenas sua imaginação. Lembre-se sempre – você tem um potencial maior do que pensa!

Nossa tradição tem nos ensinado que a palavra Elul, o nome do ultimo mês do calendário hebraico pode ser lida como um acrônimo para Ani Ledodi Vedodi Li, com o significado de “Eu sou para meu amado e meu amado é para mim”, sendo o amado, claro, ninguém menos que Deus.  

Rabi Nachman de Braslav, que sempre tem um olhar diferente das coisas, como Shimon Peres, nos ensinava um significado extra para a palavra Elul.  

Ele dizia aos seus seguidores que lessem a palavra de trás para frente – Lulei.  Pronunciada como Lulei, esta palavra hebraica forma o nome da famosa canção popular escrita por Naomi Shemer, Lu Yihe. Ela pode ser livremente traduzida como “Que seja somente verdade”.  

A palavra expressa a esperança de que o futuro venha a ser diferente, que amanhã seja diferente de ontem. Fala sobre o sonho de que o passado não se repetirá mecanicamente e que nós temos a capacidade e o poder de mudar e de nos mudar.

Rosh Hashaná fala sobre renovação, HITCHADSHUT, sobre a abertura para olhares antes inimagináveis. As possibilidades de quem podemos nos tornar e do que podemos alcançar são quase ilimitadas.  

Mas, frequentemente, ficamos presos à realidade limitada que conhecemos desde a infância ou à realidade criada por nós mesmos desde então. Rabi Nachman, virando as letras, nos convida a olhar para nossa própria vida além dos horizontes constritos que erroneamente nos definem.

O novo ano 5779 pode vir a ser um gatilho emocional que possa mostrar à nossa própria alma uma outra realidade, diferente, permitindo, assim, que ela se liberte do que erroneamente nos convencemos ser a única maneira que as coisas podem ser.  

E aqui chegamos, meus amigos, a um aparente paradoxo. Rosh Hashaná tem tudo a ver com o futuro, ainda que na liturgia – com base em uma passagem no livro de Levítico – seja chamado de o Iom Hazikaron, Dia da Memória. Lembrança que, claro, nos leva de volta ao passado.

Quase todos os feriados judaicos são lembranças do passado. Nestes dias sagrados, amorosamente nos apegamos ao passado e o transferimos para o presente contínuo. 

Preservamos a memória, revivemos o que era, e ritualmente a reencenamos novamente a cada ano, de tal forma que se torna parte do nosso DNA espiritual.

Mas em Rosh Hashaná vivemos o passado não para experimentá-lo novamente, e, sim, a fim de tomar cuidado de não repeti-lo, usá-lo como um trampolim para a inovação e para a mudança. É uma forma de romper com o passado e de permitir, como indivíduos, como família e como comunidade, que avancemos para a auto renovação.

Pessach, Shavuot e Sucot falam de continuidade com o passado; Rosh Hashaná é sobre descontinuidade. As três festas têm a ver com reconexão com a tradição; Rosh Hashaná é sobre a inovação, a auto-reinvenção.  “O futuro é mais importante do que o passado”, Peres dizia. 

A receita de Forever Young de Peres, para permanecer eternamente jovem de espirito, é “Contar o número de realizações que temos em nossa vida; em seguida, contar o número de sonhos que temos para nossa vida; desde que o número de sonhos seja maior do que nossas realizações, vamos poder permanecer jovens”.

Finalmente, o primeiro ser humano foi criado em Rosh Hashaná (Psikta d’Rav Kahana 23:1).

O tempo começou quando a possibilidade de escolha nasceu. Assim, a partir da perspectiva judaica, embora o mundo tenha sido criado como um ato divino de escolha, ele assume um significado e se torna completo através do ato humano de escolher.

Numa primeira leitura – muito justificada em Gênesis – dá conta de que “Adam”, o primeiro ser humano, vem de adamá, que em hebraico significa “terra”. Adam foi formado do pó dos quatro cantos da Terra. Parece, então, que o fato de ser terreno é uma das marcas gravadas a fogo em Adam e, consequentemente, em cada ser humano.

Mas “Adam” também provém do hebraico domé, no sentido de “parecer-se”.  

Com quem? Precisamente, com Deus, para colocar-se um pouco mais de altura, para aproximar Terra e Céu, na carícia do transcendente. 

“Adam” se nutre também de dam, cuja tradução é “sangue”, deixando nota por baixo deste manto de sentido que aquele líquido vivificante pode – como quase tudo – ser utilizado para encher as mãos como Caim, ou na sua falta (afeto, eu diria), para doar.

A última folha: o dimíon, de raiz similar hebraica como “Adam”. A capacidade de “imaginação”, característica que é exclusiva aos  dos seres humanos.  

Essa maravilha de DIMION que nos eleva de criados a criadores; a capacidade de sonhar e de sonhar-nos diferente, com os olhos do bem. 

E voltamos a Peres: “Olhando para trás, o único erro que cometemos foi não sonhar grande o suficiente.  Vamos sonhar grande, vamos olhar para frente e fazer do mundo um lugar melhor, um lugar de paz para todos”.

Que 5779 possa nos abençoar com HITCHADSHUT com a abertura para olhares antes inimagináveis. Que possamos continuar com o legado de Shimon Peres, entendendo que Rosh Hashaná é sobre a inovação, auto-reinvenção. “O futuro é mais importante do que o passado, assim rezamos para encarar o futuro com esperança e Dimion, muita imaginacão.

Shaná Tová Umevorechet!

(Foto: Ary Diesendruck)

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