Dos campos de batalha ao Nobel da Paz

Na véspera da Guerra dos Seis Dias, havia muita preocupação no exército israelense sobre um possível aumento do poderio militar egípcio. O chefe do Estado-Maior da IDF na época chegou a declarar: “Acho que podemos nos encontrar em uma situação militar em que perdemos muitas de nossas vantagens e podemos chegar a uma situação – que não quero descrever em palavras afiadas – mas haveria um sério perigo para a existência de Israel”. Líderes militares e políticos estavam em desacordo com o que fazer com essa essa situação. Entretanto, a preocupação geral se transformou logo em uma humilhante vitória israelense imposta aos países árabes. Em apenas seis dias, no ano de 1967, Israel conquistou territórios da Jordânia, da Síria e, principalmente, do Egito. Tudo isso no intervalo entre o dia 5 e 10 de junho.

Na foto, tirada durante a guerra, Yeshayahu Gavish (de costas), o comandante do fronte sul do exército israelense que lutou contra o exército egípcio, conversa com o Chefe do Estado-Maior israelense, ao centro, que se tornou um dos homens mais conhecidos da história de Israel. Yitzhak Rabin, se estivesse vivo, faria 97 anos no próximo 1º de março. Além de ter integrado alto escalão do exército israelense na maior conquista militar de seu país, assinou os acordos de Oslo com os palestinos em 1993, que lhe rendeu um Prêmio Nobel da Paz no ano seguinte. Rabin cresceu junto com a consolidação do Estado e foi importante em vários momentos marcantes para o país. Não é exagero dizer que a história Rabin se confunde com a própria história de Israel.

Rabin nasceu em 1922, ainda na Palestina britânica. Era filho de pai americano e mãe russa. Com apenas 19 anos, já fazia parte da Haganá, importante organização paramilitar judaica antes da criação do Estado. Dentro da Haganá, Rabin era do Palmach, a divisão de elite da organização, onde era oficial de operações. Tal experiência o credenciou a lutar a Guerra de Independência (1948) na brigada Harel, que teve a importante e exitosa missão de conquistar Jerusalém Ocidental. Também integrou a delegação israelense no cessar-fogo com o Egito em 1949.

O último feito de sua extensa carreira militar foi a Guerra dos Seis Dias em 1967, quando se aposentou do exército. No ano seguinte, virou embaixador nos Estados Unidos, cargo que ocupou até 1973, quando começa sua carreira política. Rabin é eleito deputado pelo Partido Trabalhista em 1973, e vira Ministro do Trabalho de Golda Meir no ano seguinte. Quando o governo dela cai, Rabin assume por um breve período de tempo, e se demite do cargo de primeiro-ministro em 1977.

Talvez o momento mais crítico e polêmico da carreira política de Rabin tenha sido quando ocupou o posto de Ministro da Defesa durante o governo de unidade nacional, entre os anos de 1985 e 1990. Desprevinido com o eclodir da Primeira Intifada, foi duramente criticado por conduzir um exército despreparado para lidar com uma revolta popular, agindo de maneira extremamente violenta.

O auge da carreira política de Yitzhak Rabin, entretanto, foi logo após essa situação. Foi eleito primeiro-ministro em 1992 e negociou diretamente com Yasser Arafat. A assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993, lhe rendeu um Prêmio Nobel da Paz em 1994. Entretanto, sua extensa carreira no exército e na política israelense teve um fim trágico. Ele foi morto por um extremista religioso judeu que não aceitava os acordos, logo após um grande comício pela promoção da paz.

A história de Yitzhak Rabin deixa um grande legado para as novas gerações. Dono de uma carreira militar extensa, com incontáveis batalhas no currículo, escolheu o caminho do diálogo quando pôde. O homem passou a vida vencendo guerras morreu escolhendo o caminho da paz.

Pesquisa e texto: Gabriel Melo Mizrahi.

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