O meu Egito

Já faz muitos anos que muitas pessoas têm me perguntado por que nunca menciono a questão palestina em meus artigos, e eu simplesmente me esquivo à pergunta dizendo que não posso lutar em, ou lidar com, duas frentes, e que estou focado em meu Egito e em nossa coexistência com Israel.

 

Mas agora devo quebrar meu silêncio sobre essa questão e ser honesto no que a ela concerne, o que talvez melindre meus camaradas árabes, mas devo dizer a verdade do modo como a vejo, não importa quão feia possa ser.

 

Primeiramente, antes de começar a expor meus motivos, devo dizer em alto e bom som que meus camaradas, o povo palestino, contam com meu amor e com meu respeito. Durante os últimos seis anos fiz amizade com jovens ativistas palestinos muito brilhantes, eloquentes em sua busca pela paz, e assim não devemos, todos nós, generalizar e presumir, por associação, que todos os palestinos são culpados, com base nas atividades terroristas do Hamas contra Israel, e contra meu Egito também, desde a derrubada da Irmandade Muçulmana, em 2013.

 

O problema começou quando assinamos nosso tratado de paz com Israel e o reconhecemos como Estado. Esse tratado foi a coisa sensata a ser feita, porém, por outro lado, o povo palestino, junto com o resto dos países árabes, achou que meu Egito os tinha apunhalado pelas costas ao assiná-lo. Chegou ao ponto de a sede da Liga Árabe ser removida de meu Egito para a Tunísia.

 

Até este momento, o povo palestino, especialmente através de proeminente propaganda de ódio do Hamas, não consegue esquecer a posição assumida por  meu Egito ao fazer a paz com Israel.

 

Honestamente, não posso culpá-los por se sentirem assim em relação a meu país, já que o regime de Mubarak também nada fez pelos palestinos durante os 30 anos em que esteve no poder.

 

O regime de Mubarak fechou as fronteiras com Gaza muitas vezes, o que levou a que estudantes palestinos ficassem retidos em meu Egito, e à falta de suprimento médico e de alimentos, que chegavam através de Gaza.

 

Em 2011, o Hamas, aproveitando a oportunidade que se ofereceu no caos criado durante a revolução em meu Egito, começou a construir mais de 1.600 túneis para ajudar o tráfico de armas e de jihadistas a partir do Irã, do Afeganistão e Deus sabe de onde mais, para o Sinai, fazendo da península um playground para terroristas; esta é a principal razão pela qual o ISIS está dominando o Sinai e causando a nossos militares perdas pesadas em vidas e em armamento. Durante o ano em que a Irmandade  Muçulmana esteve no poder, ela deu ao Hamas toda a ajuda de que este precisava para aumentar suas atividades no Sinai, e este é o maior perigo que o Egito jamais enfrentou.

 

Para dar um exemplo de quão perigosos são esses túneis do terror, em agosto de 2011 o Hamas planejou e executou um ataque terrorista visando a Eilat, que resultou na morte de oito israelenses. Quando as forças israelenses perseguiam os terroristas, que haviam recuado para o Sinai, elas  mataram acidentalmente cinco soldados egípcios na fronteira. Isso provocou, é claro, protestos massivos em meu Egito, inclusive com o cerco da embaixada israelense no Cairo.

 

O grande sonho do Hamas era arrastar meu Egito para um confronto armado com Israel, mas graças a Deus o governo israelense percebeu isso e emitiu um pedido de desculpas formal a meu governo menos de 24 horas após o incidente. Depois a situação se estabilizou sem escaladas, exceto os protestos em torno da embaixada israelense no Cairo.

 

Não posso afirmar que meu governo tenha ajudado de alguma forma os palestinos nas últimas décadas, mas isso não dá ao Hamas o direito de cavar 1.600 túneis e contrabandear Deus sabe o que para dentro de meu país. Meu Egito tem todo o direito de ter e fortificar fronteiras seguras com todos os seus vizinhos, e a perfuração de túneis é algo totalmente inaceitável, sejam quais forem os motivos.

 

Mas a questão mais importante é: por que a mídia e o governo egípcios ficaram pela primeira vez do lado de Israel em sua guerra com o Hamas no verão de 2014?

 

Desde que derrubamos a Irmandade Muçulmana, que é considerada o padrinho do Hamas, começaram os ataques do Hamas a nossos soldados no Sinai, e continuam até hoje. Sua propaganda contra o Egito escalou, no tom estridente de discursos de ódio e alguns atentados a bomba creditados a um grupo chamado “Ansar Beit El-Maqdes”, uma das milícias do Hamas.

 

Esses ataques, juntamente com o discurso de ódio contra o meu Egito, fizeram com que os egípcios se desapontassem e percebessem o lado verdadeiramente maligno do Hamas, que usa construções civis como lançadores de foguetes para encurralar Israel,

 

A propaganda do Hamas consiste em levar câmeras para  filmar prédios civis destruídos, culpando Israel de estar visando a civis, quando a verdade, a honesta verdade de Deus, é que é o Hamas que está apostando e arriscando seu próprio povo em troca de alguns clips na TV,  para mobilizar compaixão e apoio.

 

Meu Egito não esqueceu, nem perdoou, o Hamas por sua aliança com a Irmandade Muçulmana e seu envolvimento em ataques terroristas contra civis e soldados egípcios nos últimos anos – um deles em julho de 2014, que levou à morte de quatro crianças, atingidas no Sinai quando um obus de morteiro caiu em sua casa, aparentemente num ataque de militantes contra soldados. O ataque aconteceu no norte do Sinai, na cidade de El-Joura, que é tida como um bastião de islâmicos militantes que mataram muitos policiais e soldados no ano passado, por ordem do Hamas.

 

No verão de 2014, quando  Israel começou sua guerra contra o Hamas,  os militares egípcios começaram a fortificar suas fronteiras com Gaza, e depois, a destruir imediatamente o que restava daqueles túneis do terrorismo.

 

E pela primeira vez, autoridades e figuras públicas do meu Egito clamaram para que Israel e Egito eliminassem o Hamas na Faixa de Gaza, o qual alguns, inclusive eu mesmo, estamos chamando de “braço armado da organização terrorista Irmandade Muçulmana”.

 

Até mesmo na imprensa nacional egípcia, Azza Samy, o vice-editor do al-Ahram, um jornal diário de propriedade do estado, proclamou: “Obrigado a você, Netanyahu, que Deus envie muitos como você para esmagar o Hamas, que são agentes da Irmandade Muçulmana”. Adel Naaman, colunista no al-Watan, jornal egípcio de propriedade privada, escreveu: “Sinto muito, povo de Gaza: Não vou simpatizar com você enquanto não se livrar da gangue do Hamas.”

 

Em minha opinião o Hamas nunca vai trabalhar pela paz com Israel ou com meu Egito porque ele é o único que está lucrando com esses conflitos. O Irã, juntamente com o Qatar, estão lhe dando dinheiro e mísseis, só para manter vivo esse conflito, sem se importar com o povo palestino, preso dentro dele e totalmente impotente. Em vez de liderar o que eles chamam de ‘sua luta’, os líderes do Hamas vivem suas vidas luxuosas no Qatar, longe do que acontece em Gaza.

 

Eis aqui alguns vídeos sobre a reação da mídia egípcia à guerra com o Hamas.

 

1.    Alguns dos famosos apresentadores da TV egípcia acusam o Hamas por sua hipocrisia
https://www.youtube.com/watch?v=7VtENBF_yjo

2.    O apresentador da TV egípcia Osama Mounir, para líderes do Hamas: Podem sonhar! O lugar de vocês é um asilo de doentes mentais, considerando as 10 exigências do Hamas para aceitar o cessar-fogo que meu Egito está tentando negociar.
A exigência mais desvairada de todas elas é a de que a fronteira de meu Egito seja amplamente aberta, sob uma supervisão internacional que eles mesmos irão escolher!!!
https://www.youtube.com/watch?v=5xuYcjubV7I

3.    Neste  novo link você vai encontrar um vídeo de um apresentador da TV egípcia pedindo a um militar egípcio que ataque Gaza também.
http://www.algemeiner.com/2014/07/13/egyptian-tv-announcer-calls-for-destruction-of-hamas-al-ahram-columnist-thanks-netanyahu-video/

 

Não sou contra o povo palestino nem contra seu direito de ter uma vida decente, mas o Hamas está tornando mais difícil para o Egito, e até mesmo impossível, ter compaixão. Eu insisto com vocês, até mesmo imploro a vocês, que trabalhem conosco para nos livrarmos do Hamas, para que possamos todos ter PAZ.

Ahmed Meligy é egípcio e ativista pela paz entre árabes e israelenses. Também escreve no The Jerusalem Post.

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